O QUE REALMENTE IMPORTA ?

Não sei se esse é um auto-relato mas, se não for, será o auto relato de uma infinidade de pessoas que nesse momento estão lançando mão de tudo para tentarem ser felizes.

Parece que estamos,em todo momento,tentando satisfazer o mesmo desejo, porém de maneira tão individualista e ansiosa que perdemos até a noção do que realmente importa. Por isso, a carência afetiva tem se transformado numa verdadeira epidemia, porque vivemos num mundo onde tudo o que fazemos nos induz a " Ter" cada vez mais.Um celular de última geração, um carro do ano,um sapato de outra cor, uma jaqueta diferente, uma viagem em suaves prestações.....
E enquanto isso,nos sentimos cada vez mas vazios.Nossa voz interna faz um eco que chega doer; e tudo que poderia nos fazer sentir melhor seria "apenas" um pouco de carinho.A carência é tão grande, a sensação de solidão é tão forte que há quem se dispõe a pagar por companhia, por uma remota possibilidade de conseguir um pouco de carinho.
Não é sobre dinheiro que estou escrevendo.Estou abordando as escolhas que fazemos, indiscriminadamente, em busca de afeto; das relações sexuais fáceis e fugazes, da liberação desenfreada de intimidade, da cama que chaga às relações muito antes da apresentação de corações....Expomos nossos corpos mas escondemos nossos sentimentos a sete chaves, de qualquer maneira !
Muito mais do que noites de amor precisamos urgentemente de um abraço que encosta coração com coração, de um simples deslizar de mãos em nosso rosto, de um encontro de corpos que deseja, sobretudo, fazer o outro se sentir ferido,vivo. Tocar o outro é acordar as suas células, é oferecer um alento,uma esperança,um pouco de humanidade,tão escassa em nossas relações.
Você não precisa ficar à espera de alguém que faça isso por você. Acredite! De pessoas à espera de soluções o mundo está cheio. Precisamos daqueles que estão dispostos a " serem " a solução. Portanto,se você quer vivenciar o amor, torne-se o próprio amor, o próprio carinho , a própria carícia. Torne-se a diferença na vida daqueles com quem você se relaciona, para quem você se disponibiliza.
A partir de hoje, em vez de sair por aí dizendo que vai "beijar muuuiito", concentre-se na sua capacidade de dar afeto e surpreenda-se com o resultado. Beije sim, sem se preocupar se é muito ou pouco. Beijar é bom, muito bom, sem dúvida;mas empenha-se antes em trocar afeto, em se relacionar exercitando o respeito pelo outro, o respeito por si mesmo. Estou certa que, a partir daí, os encontros valerão muito mais apenas.
Relato do Universo feminino de Carla Flávia R. Barreto( Jornalista de O diário- Campos)07/12/2008